quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Alheia e compartilhada

A morte às vezes me chama

Polidamente: Ela não grita

Mas, se sussurra no ouvido

Arrepia, intimida


O que é difícil aceitar

E o que nego conceber

É a possibilidade de morrer

Sem ter sabido viver


O que é difícil conceber

O que não quero aceitar

É que a vida linda, bela,

Não sabe de mim cuidar


Nesse mundo general

Desta terra miserável

Só me resta agora saber

Se tem a morte um abraço afável


Posto que a chama apagará

Seja noite, seja dia

Fico sempre a imaginar

Suicídio é covardia


Vou perdendo minha fé

Vou perdendo meu valor

Já não sei mais o que quero

E essa dor, e essa dor!


Tenho tempo pra escrever

Tenho tempo pra rezar

Mas que peste é que não vê

Que os meninos morrem lá?!


Que os meninos NASCEM lá!

Daquela dor que os vi nascer

Na mesma dor irão morrer

E mesmo assim querem viver!


Porque a dor que sentem lá

É a mesma dor que vi crescer

Que se escondeu dentro de mim

Mas que me fez querer morrer


Porque no dia em que eu for lá

Vai ser difícil conceber

Que quando eu ver aquela dor

Terei vontade de viver!


E se eu sentir física dor?

Não sei de mim o que vai ser.


NinO RibeirO

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