segunda-feira, 13 de junho de 2011

Entenda

Entenda, por favor, que, para mim,

Palavras dizem menos que um olhar

Entenda. Toda vez fico sem graça

Pois ainda não sei como lidar

É tão difícil

Toda vez que olho e não enxergo em você

Aquele mesmo brilho, a sua feição a me dizer,

Embora você não esteja calada.

Eu já não quero mais ouvir porque

Palavras dizem menos que um olhar

Entenda. Esse meu jeito não diz nada

A minha boca permanecerá

Intacta, prudente, inalterada

E você sempre insiste em não mudar

A situação

E não olha pra mim

Você tem medo que minha boca diga

O que seus olhos nunca disseram para mim

Eu tenho medo que seus olhos nunca digam

O que minha boca nunca disse pra você

Assim

Palavras dizem menos que um olhar

E se ainda quiser rir da minha cara

Minha cara, ainda quero te amar

Eu me rendo

Tudo por você

Eu me rendo

Vou falar você vai ver

Se renda

Olhe para mim

Amor e entenda

Nos seus olhos quero ver

Eu e você

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Geração bobagem

Hoje eu quero fazer bobagens das quais não me arrependerei amanhã.

Do mesmo modo que um menino levou um livro de Harry Potter para assistir a mais uma estreia de um dos filmes.

Tolice. Coisa de criança nerd. Que besta.

Quero fazer coisas como essa, que um dia deram tanto prazer para mim quanto para uma criança que vai de cosplay.

Arrepender-se de quê? Vergonha de quê? É o seu momento, é o nosso momento!

Nada como a mão de um amigo pra segurar.
Nada como outro pra nos apoiar.

Hoje eu quero ser tão bobo quanto você!
New wave na cabeça e All Star no pé.

Bobo eu, bobo você, bobos nós. E quem não é?

NinO RibeirO

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Quero que parta

Esqueci como é que se aprende.
A dificuldade que nunca me chegava
Eu dei um jeito de criá-la
E agora que a tenho
Não me acho, não me guio
Não me desfaço

Quero que parta, do mesmo jeito da chegada
Que se perca tola na estrada
E não goze mais da minha cara

NinO RibeirO

Pródigo Regresso

Seres humanos:

Minha doença
Minha cura

Já dizia Schopenhauer: "o primeiro passo é a retração".

Depois que alcança a superioridade da sapiência
[ó grande mestre conhecedor de si mesmo]
Percebe que, fugindo do que antes era doença,
Encontra a cura na mesma essência

O soro antiofídico

Volta aos seus com um amor
Que não se sabe de onde surgiu
A condição divina que a todos uniu
Muito mais forte, muito mais poderoso, muito mais vivo.
Enfim, esbarrou na mola da solidão.

Ninguém vive sozinho.

NinO RibeirO

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Artropofóbico

Já decidi,

Não quero mais

Um sentimento encardido

Me iludi,

Corri atrás

Um verdadeiro desperdício

Depois de tanto observar

(Velei você desde o inicio)

Estou pensando em te matar

Vou cometer um homicídio

Mas esse nome está errado

É um animal do meu convívio

Como você, já peguei várias

Comer você é um martírio

Mas, que não morre a desgraçada

Nem se eu jogar de um precipício

O jeito é uma sandalhada

É um baratão no meu hospício!


NinO RibeirO

Única

Já conheci muita gente

Mas, depois de você

Só na mente


NinO RibeirO

Perdi

O mundo acabou.

Não existe namorado

Nem namorada

Não existe mais nada

O meu afeto

O sentimento que guardei

Ficou nas cinzas

De um cigarro que fumei

Me corrompi

Me surpreendi com o que falei

Mas sou feliz por ter sentido

Que um dia eu amei


NinO RibeirO

Ultimamente

Ultimamente tenho andado taciturno

Sereno, brando, pouco riso, pouco tudo

Ultimamente tenho visto absurdos


Eu quero a parte que me cabe desta terra miserável

Eu pego a chave que me abre esta fresta questionável

Eu vejo o mundo, enxergo o ponto peregrino, paradoxo

Me fecho mudo, eu nego o todo repetindo o que não gosto


Eu sou o bem que quer vencer o que o mal quer esconder

Estou refém, se quer saber, do animal do não saber

Me sinto murcho, um velho tolo e enrugado

Distinto e burro, um elo torto e mal atado


Se o nó foi cego, eu vejo então um mal olhado

Sem dó me apego à retidão de um desatado

Ultimamente tenho andado tão cansado...


NinO RibeirO

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Fernando Pessoa


[Meu caro Fernando Pessoa, Temo que essa psicografia não seja apenas uma autopsicografia]